quarta-feira, 27 de maio de 2009

Espante a tristeza e cante. Eu sou Olodum, quem tu és

Não há quem não reconheça o preto, o amarelo, o vermelho e o verde. O grupo cultural de percussão conquistou o coração dos brasileiros.O privilégio de acompanhar o grupo aos ensaios atravessando o Pelourinho é imenso. Sentir aquela união e força que sustenta a ideologia do Olodum. O grupo desenvolve ações de combate à discriminação racial, estimula a auto-estima e o orgulho dos afro-brasileiros, defende e luta para assegurar os direitos civis e humanos das pessoas marginalizadas, na Bahia e no Brasil.
Personalidades da música mundial atravessaram o mundo 
para poderem aparecer ao lado desse movimento de cores tão intensas e simbólicas. Um dos clipes mais famosos do artista pop Michael Jackson foi gravado justamente no Pelourinho, ao som do Olodum (algo contraditório nisso, mas vamos em frente). Com o passar do tempo, o Olodum foi conquistando espaço internacionalmente, passando até a realizar apresentações fora do Brasil.
Com um pouco de axé, samba, reggae, o bloco faz o centro baiano tremer. Ouve-se o som de longe, vê-se as cores brilhando lá de baixo. Subindo as ruas de pedra, o entusiasmo contagia e convida todos a sentir um pouco da energia que eles transmite (Energia. Palavra tão forte, tão presente.)

segunda-feira, 25 de maio de 2009

É defesa e ataque, é ginga do corpo é malandragem

Salve.
Inicia o berimbau. 
O pandeiro.
O atabaque. 
As palmas. Iêêê
A capoeira traz uma vibração fora do comum. Ao cumprimentar o "adversário" e entrar na roda, uma energia toma conta e rege o gingado. Rabo de arraia, macaco, quebra de rins, esquiva, meia lua de compasso. Uma sincronia incrivel de duas pessoas no centro de uma roda. As palmas incentivam cada movimento. O coro levanta os ânimos. 
Luta, brincadeira, jogo, dança, cultura popular, música. Desenvolvida por escravos africanos e seus descendentes, a capoeira ganhou força no Brasil se transformando em um dos mais típicos aspectos culturais brasileiros, s
endo conhecido mundialmente.
As variações das rodas de capoeira são o que enriquecem esse movimento. Os diferentes toques dão ritmo à cada estilo de roda. A capoeira de Angola é uma ginga mais suave, sem muito movimentos bruscos, uma relação mais proxima entre cada participante. É o estilo mais próximo de como os negros escravos jogavam. Na maior parte do tempo mais agaixados, acompanham um ritmo mais lento, o que torna a roda mais artistica e sentimental. A capoeira regional, criada pelo Mestre Bimba, é a mais tradicional de ser encontrada, com inumeros saltos e animação, um verdadeiro espetáculo de movimentos. Uma pegada mais rápida, com muitos incentivos, quanto mais golpes, mais emocionante.
Só quem já jogou sabe o quão intenso é participar de uma roda de capoeira. Todo mundo de branco, vidrado na roda, os birimbaus cada vez mais altos, as palmas cada vez mais fortes. Só quem já vivenciou essa experiência sabe o quão significativo é receber um cordão de graduação.
A capoeira se espalhou pelo Brasil afora, gerando inumeros grupos praticantes desa arte. Multidões param para assistir à manivestações de capoeira nas ruas, principalmente no nordeste. 
A capoeira fez grande parte da minha vida durante alguns anos, e uma energia incrivel tomava conta de mim a cada toque do berimbau, a cada esquivada, a cada salve.

sábado, 23 de maio de 2009

Eu vou mostrar pra vocês como se dança um Baião

Criação nordestina, o Baião é resultante da fusão da dança africana com as danças dos nossos indígenas e as dos portugueses colonizadores, refletindo na sua composicao o caldeamento dessa três raças.
Nessa dança cantada, tratam-se do cotidiano do nortestino e as dificuldades da vida.
Os dançarinos formam-se em círculos, sentados ou em pé. Dançam aos pares no centro da roda. A dança consiste em balanceios, passos de calcanhar, passos de ajoelhar e rodopios. 
Restrito e esquecido no interior nordestino, o baião chegaria à música popular brasileira urbana através da dupla Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira. E é Luiz Gonzaga quem afirma sobre o baião, no encontro que compôs com o parceiro o primeiro baião que foi gravado: "...baião telúrico e imortal. Nesse baião esquecido e circunscrito àquele nosso Nordeste sofredor, e que ninguém soube até hoje ou se atreveu a lançá-lo aqui com as roupagens que ele merece(...)"
Normalmente, os grupos de Baião se apresentam em eventos ou comemorações, dificeis de serem encontrados nas ruas. Com gingado e molejo, essa dança a dois representa o jeitinho caloroso e acolhedor do brasileiro.
E quem quiser aprender é favor prestar atenção.

sexta-feira, 22 de maio de 2009

"Pretinhosidade"

"Minha pedra preciosa
Minha preciosidade
Minha preciosa idade
Minha presa
Minha fé silenciosa
Meu atalho, meu destino
Minha pretinhosidade
Minha festa"
Mart'nália

Pretinhosidade foi um termo inventado pela carioca Mart'nália filha do sambista Martinho da Vila. Para cada um individualmente, traz um significado pessoal. Cores, ritmos, danças, sons, energias, sentimentos. Para mim, pretinhosidade remete a toda essa cultura popular brasileira. As influências de cada um dos povos que, miscigenados, formam o nosso jeitinho brasileiro. É incrivel andar pelas ruas de Olinda e sentir o entusiasmante frevo subindo as vielas de paralelepípedos; sentir no peito as batidas do Olodum no Pelourinho às terças - feiras; acompanhar com os pés as cadências perfeitas das famosas escolas de samba.
Essa é a cara do Brasil, é o que cria sua identidade e o faz um país único e maravilhoso. Com essa diversidade que engloba os mais variados estilos e personalidades, o Brasil se mostra uma das culturas mais ricas e intensas, investindo muito em seu caráter popular.
Pretinhosidade é isso. É dar valor a algo que lhe faz sentir exatamente no lugar certo. É algo ligado ao seu povo, à sua história, aos seus apegos. É a sensação de encorporar algo que lhe fascina ou lhe pertence.
Cada um tem a sua pretinhosidade. Esta é a minha.

sábado, 16 de maio de 2009

Ê pula lá que eu quero vê, Que eu sou Maculelê

Em mais uma manifestação da cultura popular de herança africana (com profundas ligações com a Capoeira), o Maculelê é característico das evidências de ódio ao sistema escravagista dos séculos passados.
A dança é intensa. São saltos, agachamentos, cruzadas de pernas. As batidas dos bastões não cobrem apenas os intervalos do canto, elas dão ritmo fundamental para a execução de muitos trejeitos de corpo dos dançarinos. 
É lindo ver grupos de Maculelê com mulheres à carater e rapazes negros fortes e raçudos num gingado incrivel, controlando cada movimento dos bastões, e, em algumas vezes, facões ou tochas de fogo.
Tradicionalmente, o Maculelê é referente às danças em Santo Amaro da Purificação, na Bahia, terrinha de Iemanjá, de Caetano Veloso e do sossego. Mas o Maculelê tem muitos traços marcados que se assemelham às danças ao redor do Brasil, como o Moçambique de São Paulo e o Bate-Pau do Mato Grosso.
Ah, que vontade de ouvir aquele som seco dos bastões, todos uniformes e tão energizados. Ê pula eu pula você

segunda-feira, 11 de maio de 2009

Batuqueiro, que baque é esse?

Embebedadas pela percussão, dançam lentas, molengas, bamboleando levemente os quartos, num passinho curto, quase inexistente, sem nenhuma figuração dos pés. Os braços, as mãos é que se movem mais, ao contorcer preguiçoso do torso. Vão se erguendo, se abrem, sem nunca se estirarem completamente no ombro, no cotovelo, no pulso, aproveitando as articulações com delícia, para ondularem sempre. Às vezes, o torso parece perder o equilíbrio e lerdamente vai se inclinando para uma banda, e o braço desse lado se abaixa sempre também, acrescentando com equilíbrio o seu valor de peso, ao passo que o outro se ergue e peneira no ar numa circulação contínua e vagarenta...” 
Sentir nos dedos o pulsar fervilhante ao som do baque virado. Os pés ganham vida própria e os joelhos começam a tremelicar involuntariamente. O maracatu é uma força. É um movimento. Dança típica da região pernambucana, miscigena as culturas africana e brasileira nos aproximando ainda mais dos nossos ancestrais. Tão intensas as batidas de cada alfaia, as cores de cada saia, esse folclore faz estrondar uma paixão que movimenta os mais tradicionais encontros populares. Há cerca de 300 anos presente nos corações brasileiros, esse cortejo disseminou sua ginga e seu ritmo por todo o país, originando mais de 50 grupos seguidores que se encarregam de transmitir a vibração do Maracatu. É mais do que uma dança. É uma energia.